Em 1998, foram publicados pelo Ministério da Educação e
da Cultura - MEC os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs. Tal documento
significou, sem dúvida, um grande avanço para a educação brasileira, afinal,
pela primeira vez foi criado, como o próprio nome já indica, um referencial
único para toda a educação nacional. Diante da extensão do território
brasileiro e suas diversidades regionais, culturais e políticas, foi preciso
pensar num documento que respeitasse as diferenças existentes dentro do país e
pudesse ser traduzido em propostas regionais. Os PCNs são uma proposta de reorientação
curricular que, quando discutida e traduzida regionalmente serve como
base/parâmetro para a elaboração da proposta curricular de cada instituição
escolar e, conseqüentemente, para o cotidiano da sala de aula. Propõe uma
revisão dos currículos escolares, os PCNs estimulam um debate educacional
ampliado e aprofundado envolvendo toda a comunidade escolar.
As
transformações no mundo do trabalho também pressionam escolas de todo o mundo a
questionar-se sobre suas funções, responsabilidades e práticas. Além disso, a
sociedade exige alcançar valores morais e a escola vem sendo vista como o local
onde devem ser suscitados em cada um de nós tais valores. Instituições
escolares de todo o mundo estão direcionando os seus currículos escolares para
a formação de homens e mulheres capazes de ingressar no mundo do trabalho, mas
também, e acima de tudo, preparados para o exercício da cidadania. Para que isso seja possível, os PCNs propõem,
como pode ser constatado na citação acima, que a escola seja espaço onde referenciais
éticos sejam além de discutidos, vivenciados e construídos.Diante do que foi exposto até aqui, percebe-se que
temas como ética, cidadania, respeito e solidariedade são bastante enfatizados
nos PCNs, o que significa que existe uma vontade política de fazer com que a
escola brasileira seja responsável em formar cidadãos que tenham atitudes de
solidariedade, de cooperação, de participação social e política, de justiça e
de respeito. Somado a isso, existe uma demanda da sociedade em tornar a escola
espaço de debate e exercício da solidariedade.
Assim, algumas escolas brasileiras optam por
estimular seus alunos a planejar e desenvolver projetos de voluntariado, pois percebem
nessa atividade uma oportunidade dos alunos vivenciarem e discutirem referenciais
éticos. O desenvolvimento de projetos de voluntariado
traz benefícios tanto para comunidade que recebe a ação, quanto para alunos,
professores, enfim, para toda a escola que a planeja e desenvolve.
Os alunos que se envolvem com projetos
sociais como voluntários têm a oportunidade de se tornarem empreendedores
juvenis, ou seja, esses jovens exercitam capacidades como a de imaginar, de
planejar e de colocar em prática sonhos e projetos. Tornam-se protagonistas de
transformações dentro e fora da escola, exercitando assim a participação ativa
nas transformações necessárias à sua comunidade. O jovem voluntário é capaz de
concretizar projetos pessoais, favorecendo assim o seu desenvolvimento
emocional e, consequentemente, profissional. Muitas das habilidades exercitadas
no voluntariado são, frequentemente, exigidas no mundo do trabalho, porém,
poucas vezes, são estimuladas e vivenciadas na escola.
O professor também é beneficiado quando se envolve
em projetos sociais, estimula seus alunos a participarem dessas ações e
relaciona tais experiências com os conteúdos curriculares: planejar e
desenvolver projetos sociais contribui para que a escola chegue mais perto da
realidade dos seus alunos.Já o público alvo que recebe diretamente a ação
planejada e desenvolvida pela escola vê a sua realidade transformada
positivamente e passa a ter uma relação mais próxima com a instituição escolar,
vendo-a como um lugar público que em muito pode contribuir para a melhoria da
qualidade de vida não só pela construção teórica de conhecimentos, mas também,
pelo o que é capaz de fazer na prática: a comunidade para dentro da escola e
vice-versa.A proposta de trabalhar o tema solidariedade, cidadania e ética dentro das escolas brasileiras não é uma exigência dos PCNs, como já foi dito anteriormente, porém a vivência e o exercício são exigências para a aprendizagem de valores, de comportamentos, atitudes e também habilidades. Isso significa que, se a educação no Brasil, de acordo com os documentos legais que regem a educação nacional, deve estimular a prática da cidadania e da solidariedade, é preciso que a escola dê oportunidade para que seus alunos entrem em contato com situações que os estimulem a se tornarem solidários, críticos e justos, como acontece quando eles se tornam voluntários e participam de ações sociais
.
O movimento é mundial, o voluntariado a
ferramenta para alcançarmos uma sociedade mais justa, solidária e cidadã.
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