sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Perfil Voluntário - Neila Campos

Neila Campos, de 58 anos, começou a fazer trabalho voluntário em 2011. Atualmente, trabalha da ABRATA, onde atua como facilitadora de Grupo de Apoio Mútuo aos familiares, e também faz parte da diretoria como gestora da rede online da ABRATA.

Ela começou a fazer trabalho voluntário por exemplo de sua família. Segundo ela “O voluntariado é uma prática natural em minha família. Iniciei minhas atividades na ABRATA como usuária das suas atividades, como familiar de um portador de bipolaridade. A partir daí foi um caminho natural me candidatar para as ações de voluntariado.”


De acordo com Neila, todas as atividades desenvolvidas na ABRATA são gratificantes. Como usuária das atividades oferecidas, ela aprendeu e aprende muito como familiar de um portador de bipolaridade. Como voluntária, devolve à ABRATA todo esse aprendizado, assim como compartilha os conhecimentos adquiridos com os demais familiares e portadores de transtorno do humor.

Neila tem um mensagem para vocês:

A ação voluntária desencadeia grande motivação, gratificação e aprendizado, além de desenvolver novas habilidades para a vida pessoal de cada um de nós que dispomos prestar esse serviço à sociedade. A dedicação voluntária é uma experiência de vida fortalecedora e uma oportunidade de contribuir, por meio de um compromisso assumido com a comunidade que utiliza os serviços oferecidos, como também para realizar a missão proposta pela associação a qual pertence como voluntário.

Faça como Neila. Seja voluntário.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Perfil Voluntário - Luís Russo

Luís Russo, 59 anos, começou a fazer trabalho voluntário há 2 anos e meio. Atualmente trabalha na ABRATA.

Confira nosso bate-papo com ele e conheça mais sobre seu trabalho na instituição. 

1. O que faz como voluntário?
Dirijo a atividade intitulada "Interatividade", onde familiares, amigos, profissionais e portadores de transtornos do humor se reúnem para conversar, compartilhar e aprender novas formas de relacionamento interpessoal que evitem o aparecimento de sintomas, disparados através de gatilhos em relações permeadas por elevados índices de emoção expressa, como por ex. hostilidade, negatividade, competição, desqualificação da comunicação do outro e etc. 

2. Porque resolveu começar a fazer trabalho voluntário?
Pelo fato de ter estudado bastante sobre o desencadeamento de sintomas dos transtornos do humor a partir de relações interpessoais nocivas, percebi que poderia ser útil na amenização ou mesmo eliminação do sofrimento de muitos portadores da doença e suas respectivas famílias.

3. O que mais gosta em ser voluntário?
Quando percebo que pude ser útil às pessoas que vem pedir ajuda, quando vejo um pouco de paz em seus semblantes, a possibilidade de enxergar esperança e a saída do isolamento e solidão.

4. Qual sua mensagem para convidar outras pessoas para o voluntariado?
Chega um momento em nossas vidas em que a melhor forma de continuar aprendendo é ensinando, o melhor caminho para ser amado é amando o próximo (principalmente quando ele não sabe nem como pedir ajuda), e a principal maneira de conhecer a si mesmo é tentando conhecer o outro começando com um olhar solidário, tão raro nos dias de hoje.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Pefil Voluntário - Bernadete de Araújo

Meu nome é Bernardete de Araujo, sou engenheira e tenho 59 anos.
Faço trabalho voluntário desde 2005 na Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos – ABRATA.

Atualmente integro a equipe que faz o atendimento telefônico, cuja responsabilidade é acolher e informar as pessoas que buscam ajuda e informações sobre os transtornos afetivos (depressão e transtorno bipolar), sobre as atividades da Associação e como participar e, também sobre o trabalho voluntário.

Conheci a ABRATA há 10 anos, quando fazia tratamento de uma crise profunda de depressão. Fui muito bem acolhida pelo telefone e bem recebida por todos, principalmente pelos voluntários. Passei a frequentar as palestras, grupos de apoio mútuo e demais atividades disponíveis. O que aprendi nas palestras, nas atividades e o carinho dos voluntários e associados, complementaram o meu tratamento e foram um fator determinante na minha recuperação. Decidi então que quando estivesse plenamente recuperada, me tornaria voluntária para ajudar as pessoas assim como eu tinha sido ajudada.

Ser voluntária me dá um prazer muito grande. A alegria que sinto em ajudar as pessoas, dando suporte, carinho e a atenção que um dia eu também recebi, assim como ver tudo isso se transformar num brilho de esperança no olhar dos que nos procuram é indescritível.


Recomendo aqueles que têm alguma disponibilidade de tempo, que se dediquem ao trabalho voluntário numa área com a qual tenha alguma afinidade e experimentem a satisfação ajudar ao próximo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Perfil Voluntário - Marta Pereira


Há exatamente 22 anos, em novembro de 1991, tornei-me voluntária no MAIS – Movimento de Apoio à Integração Social –, como recreadora, com crianças de meses a 3 anos. Naquela época, a atuação voluntária não era tão divulgada. Não existiam a Internet, as redes sociais e até mesmo o CVSP, que possui um sistema eficiente de busca, que coloca interessados em contato com entidades da sua região, e das mais diversas áreas de atuação.

Soube por um anúncio no jornal. Participei de um treinamento de dois dias, passei por entrevista com psicólogo. Fui aprovada!! Todos os sábados, rumava do Jardim São Luiz para o Pacaembu, depois de semana de trabalho e faculdade, para três horas de voluntariado. 

No começo não foi fácil enfrentar aquela realidade - que é a nossa realidade. A dúvida de sempre: será que realmente estou fazendo a diferença? É tão pouco tempo? São tantas crianças, cada uma com sua necessidade, tão carentes? Nessa hora, o grupo de voluntários experientes ajuda, e muito. Os chavões também: recebo mais do que dou; se cada um fizer um pouquinho, transformamos; o sorriso, de uma criança que seja, justifica; etc etc

O tempo passou. Do Pacaembu fomos para a Vila Guilhermina, na Zona Leste. Além da recreação, assumi outras responsabilidades e comecei a trabalhar também com adolescentes. Como diz minha amiga Renata Perez, que conheci no MAIS: “quando o vírus do voluntariado invade seu corpo de verdade, pelo coração, é fatal”.

Em 2010, interessei-me pelo trabalho do Instituto Fazendo História. Mais um treinamento e comecei a fazer o álbum de acolhidos no Abrigo Anália Franco, próximo a minha casa. Era um trabalho distinto da recreação, que fazia durante a semana à noite, simultaneamente ao MAIS, aos sábados.

Um ano depois, fui transferida para a Associação Maria Helen Drexel. Comecei com o álbum de dois garotos. Concluído o período de um ano, e já desligada do MAIS, perguntei se podia fazer recreação aos sábados, com mais crianças. 

Felizmente, meu pedido foi carinhosamente aceito e fui recebida de braços abertos. Desde agosto deste ano, sou voluntária de recreação no Lar 3, com crianças entre meses e nove anos. A cada sábado, construo com elas o nosso dia. Pode ser um filme com pipoca; leitura e desenho; fotos diversas - adoramos fazer caretas -; confeccionar um tapete com retalhos de tecido; árvores com revistas velhas; ou simplesmente conversar, planejar passeios. Não posso me esquecer das festas que participo, nas quais tenho contato com os acolhidos e educadores dos outros quatro lares. E parece que nos conhecemos há anos!!!

Por que comecei com isso? Porque não queria ver crianças vendendo balas nos cruzamentos, como acontecia no início dos anos 1990. Porque sabia que tinha responsabilidade por aquela situação. Porque queria fazer parte de uma sociedade melhor. Logo, precisava fazer algo.

Diante de tantos motivos, podem imaginar quantas crises já tive ao longo destes 22 anos. Afinal, as crianças estão matando nos cruzamentos. Os motivos deram lugar a questionamentos. Por que a situação se agrava, se há tantas entidades e voluntários, fazendo muito, e muito bem? O que estamos fazendo de errado, sem saber? O que falta? O que podemos melhorar? Ou só conseguimos ir até certo ponto, porque há interesses diversos, que desconhecemos – ou fechamos os olhos? –, que nos impedem de avançar?

Não me orgulho de ser voluntária por tanto tempo. Ao contrário, acredito que o Estado tem que se responsabilizar pelas mazelas da sociedade. Na área em que atuo, de crianças e adolescentes acolhidos, dar condições às famílias para ficarem com seus filhos; incentivar e promover o planejamento familiar; e tantas outras iniciativas, que vão além de recursos financeiros.

Mais um dilema!! Não me orgulho, mas não consigo viver sem, e me faz um bem enorme. Nestes 22 anos, acho que me tornei uma pessoa um pouquinho melhor. Aprendi que não devo julgar sem conhecer a história; que a renúncia pode ser uma prova enorme de amor; que diploma e academia não significam nada (fiz duas faculdades, pós-graduação, cursos diversos), pois aprendi muito mais com as crianças, adolescentes, alguns educadores dos abrigos pelos quais passei e famílias biológicas que tive o prazer de conhecer; que não devo reclamar da vida (mas ainda reclamo muito!), porque eu não tenho a menor ideia do que seja dificuldade (admito que Complexo de Poliana também não é a melhor saída!!!); e muito mais.

Neste período, fiz vários cursos, inclusive no CVSP, para me tornar uma voluntária mais eficiente. Em 2009, uni o útil ao agradável. Passei duas semanas em Cusco, no Peru, num misto de trabalho social e turismo. Fui conhecer o voluntariado que eles desenvolvem. Por 10 dias, frequentei uma entidade local, voltada para o trabalho com crianças, a causa que abracei!

A isso contabilizo momentos emocionantes, para os quais não tenho palavras para descrever, mas estão no meu coração. Somam-se os amigos-irmãos que fiz nesta jornada. E os inúmeros colegas e conhecidos, com os quais aprendi muito.

Por isso, e por muito que ainda tenho que doar e, sobretudo, evoluir, sigo no trabalho voluntário, e recomendo. Não me orgulho, mas é preciso fazer a nossa parte e, claro, necessito muito dessa dose semanal de energia – sou dependente, confesso! E no futuro, quando as mazelas não existirem (eu preciso acreditar nisso!), serei voluntária pela manutenção, aprimoramento.

Marta Pereira, 46 anos